A vida era perfeita em certo Vilarejo que não conheceu a civilização tal como conhecemos, isolado de qualquer acesso ao nosso mundo, o povo ainda não havia conhecido nossas dores e muito menos nossa aparente alegria, não conheciam a propriedade privada, tudo era de todos e todos gozavam da liberdade.

Mas em um belo dia de Sol, um forasteiro apareceu por ali se apresentando como Senhor Empreendedor dos Santos. Portando algumas ideias sobre a liberdade, máquinas, computadores e um discurso que fazia a vida dos moradores do Vilarejo parecer inadequada. Em pouco tempo modificou a forma como Vilarejo funcionava, o que antes era de todos, passou a ser de poucos.

O Senhor Empreendedor dos Santos trouxe de seu Vilarejo alguns papéis, que segundo ele possuía algum valor, fez todos acreditarem que valia e distribuía em troca de um dia inteiro de trabalho, quem não se encaixava nessa nova sociedade, e ainda acreditava que tudo era de todos era julgado como vagabundo e posto em cárcere. Com o tempo as pessoas do vilarejo passaram a se odiar, se fixaram no que o suposto papel com um valor poderia trazer, e começaram a acreditar que a diferença que o papel causava entre os moradores era justa.

A correria dos dias fez com que o Vilarejo todo se esquecesse de como eram felizes antes da chegada do forasteiro, e justo esse forasteiro era visto como Herói, como o Homem que trouxe o progresso e a evolução.

O fato é que a vida já não existia naquele Vilarejo, o suposto papel com valor poluiu os rios, destruiu as árvores, poluiu os sonhos e destruiu os sorrisos. Mas ainda havia gargalhadas naquele lugar, quando as pessoas olhavam para aqueles que se recusavam a acreditar no valor daquele papel.

Autor: Wélio Meireles

O Forasteiro e o Vilarejo Inadequado - Parte II
O Forasteiro e o Vilarejo Inadequado - Parte III